8 de maio de 2024

Conheça Lima por meio da rica e variada gastronomia

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Lima é uma cidade costeira, emoldurada pelo Oceano Pacífico, na região central do Peru. Sua geografia se traduz na culinária, com opções quase infinitas de peixes frescos, milhos coloridos e batatas nativas.

Esta viagem se inicia pelos principais bairros da capital, que conseguiu se modernizar sem perder suas raízes. Com paradas estratégicas em restaurantes com propostas inovadoras e seus chefs, que cultivam um profundo respeito com os ingredientes locais.

Herança da cozinha Nikkei

A comida criolla peruana pode ser comparada com a nossa culinária caipira. Repleta de preparos cozidos por longas horas, guisados suculentos e sopas nutritivas. Em contraponto, temos a acidez do ceviche, que nasce de técnicas trazidas por imigrantes japoneses no século XX.

Por mais diferentes que sejam, estes contrastes gastronômicos não apenas coexistem em Lima – se transformaram nas bases da cozinha Nikkei. Um exemplo clássico é o prato combinado, que pode ser encontrado em quase todos os restaurantes da cidade. Servido em trio, o combinado leva ceviche, arroz de marisco e chicharrón de pota – similar a nossa lula frita.

Restaurante Al Toke Pez

O melhor lugar para comer o combinado em Lima, fica em um restaurante ordinário, no pouco interessante bairro de Surquillo. Mas a personalidade do chef e o sabor da comida valem a viagem.

omas Matsufuji é doutor em química, e entende os processos orgânicos da cozinha como poucos. Mesmo nos dias mais quentes, é possível encontrar Toshi entre altas labaredas, com um sorriso no rosto, atendendo um limitado número de pessoas por vez.

Ele foi protagonista da série “Street Food” da Netflix, mas mesmo com as vendas aumentando em 50%, segue se importando mais com o conteúdo do prato do que com o ambiente do restaurante. Seu pai, Darío, foi um grande nome da cozinha Nikkei em Lima. E criar o Al Toke Pez foi a maneira que encontrou de honrar seu legado, sem se perder.

Central: melhor restaurante da América Latina

Todas as manhãs, pescadores enchem os mercados de Lima com frescos frutos do mar. As mais diversas batatas nativas chegam das cordilheiras em caminhões lotados; e os aromáticos preparos amazônicos invadem as ruas. Esta abundância de ingredientes é o cenário perfeito para chefs criativos que valorizam seu entorno.

Um grande exemplo é o Virgilio Martínez, que comanda o Central – eleito pelo ranking 50 Best como o melhor restaurante da América Latina. O fio condutor do restaurante é o de transformar produtos locais em pratos estrelas, trazendo os diferentes biomas peruanos para o cardápio.

O Central fica no charmoso bairro de Barranco, que é também nossa próxima parada. Neste local, mansões de veraneio se misturam com refúgios de artistas e casas puídas de antigos moradores. Suas ruas, desiguais, são repletas de cores – e feirinhas de artesanato. Aqui, música, arte e gastronomia se misturam em um mesmo ambiente.

Restaurante Taberna Isolina

Boêmio é a palavra mais utilizada para descrever Barranco, mas o bairro realmente ganha vida ao entardecer. Os restaurantes que nasceram e resistem nesta região carregam parte da história da cidade. E seus clientes, fiéis, acabam levando seus filhos e netos aos domingos.

A Taberna Isolina é uma das mais emblemáticas nesta categoria. O restaurante de comida criolla oferece o melhor da culinária tradicional do Peru, em porções generosas. O local é comandado pelo chef José del Castillo, filho da Dona Isolina.

Ele cresceu entre as mesas da cevicheria de sua mãe, que até hoje cuida das sobremesas do restaurante. Autodidata, Isolina criou um cardápio autoral e teve um caminho árduo de muita luta para sustentar os filhos. O chef abriu o restaurante com a vontade de seguir as receitas de sucesso da matriarca. Comer no Isolina é, de fato, uma experiência bem próxima do conforto de um almoço de família sem conflitos.

Além da batata recheada com ragu – a tradicional papa rellena, e do Lomo saltado – preparado com carnes e vegetais, o Isolina serve alguns dos melhores coquetéis da cidade. O pisco sour do Isolina leva o pisco Huamaní, destilado da uva. E além do limão, gelo e açúcar, o drink peruano é finalizado com uma espuma suave de clara de ovo e gotas levemente amargas de angostura.

BLU: il gelato del barrio

Para a sobremesa, o ideal é seguir explorando as ruas de Barranco, e os ingredientes locais de Lima, como a lúcuma – fruta com casca verde-escura e polpa amarelada. Seu sabor doce e aveludado lembra baunilha, mas ela não pode ser consumida in natura. A lúcuma é muito utilizada em vitaminas, tortas e sorvetes. Como nesta sorveteria ítalo-peruana que acabamos de chegar.

A BLU: il gelato del barrio – o sorvete do bairro, tem como conceito utilizar técnicas da Itália com os ingredientes locais da temporada. A gelateria foi uma das primeiras propostas artesanais em Lima que, no início dos anos 2000, sobrevivia de sorvetes industrializados.

Laura Lucangeli, sócia da BLU, é nascida no Peru, mas passou grande parte de sua vida na Itália. Foi lá que ela aprendeu as diferenças entre um sorvete e um gelato, assim como a importância dos ingredientes, sempre frescos, para um resultado perfeito. A sorveteria leva ‘do bairro’ no nome, pela proximidade com a comunidade.

O local recebe exposições itinerantes de artistas e músicos nascidos em Barranco. Chegar na BLU é fácil, basta seguir o grande movimento de pessoas com casquinhas coloridas. Sorvete (ou gelato) na mão, hora de visitar o charmoso bairro vizinho de Miraflores.

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